Indústria da moda adota inovações para reduzir os impactos ambientais
- Camile Lucas
- 16 de jun.
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Atualizado: 25 de jun.
“A gente precisa quebrar essa lógica, mostrar que é possível construir um novo ritmo para uma moda justa, consciente e com mais alma”, afirma a CEO da Upcyqueen, Juliene Darin sobre um mercado mais sustentável.
Por: Camile Lucas de Souza
Responsável por até 8% das emissões globais de gases de efeito estufa e por 9% dos microplásticos nos oceanos, o mercado de vestuário está em busca de alternativas para um ambiente mais sustentável. Uma das soluções mais promissoras é o investimento em upcycling, técnica que transforma materiais descartados em novas peças. Para Juliene Darin, CEO e fundadora da marca Upcyqueen, a indústria da moda precisa desacelerar e promover "mudança de mentalidade que começa no desenho da coleção e vai até a forma como a peça chega às mãos do cliente".
O upcycling surge como uma alternativa que combina criatividade e sustentabilidade para transformar os retalhos de tecido, peças antigas e materiais descartados em novos produtos. Assim, além de contribuir para a redução do desperdício, promove a reutilização e a circularidade. Juliene ressalta que se trata de um mercado que depende do excesso de produção, matéria-prima e descarte.
Desde o uso intensivo de água e produtos químicos até o acúmulo de resíduos e roupas descartadas com pouco ou nenhum uso, grande parte dessas peças já vai para o lixo, e causa danos irreversíveis ao planeta. A maioria das roupas vai para lixões, aterros sanitários ou é exportada para países do Sul Global, que sobrecarregam outras regiões com os resíduos. A CEO da Upcyqueen aponta a semana de moda de Copenhague como um exemplo de como o setor pode se ajustar e impulsionar uma moda mais sustentável.
“A Copenhagen Fashion Week exige que as coleções sejam compostas por pelo menos 50% de materiais reciclados, upcycled ou de estoque excedente, incentivando designers a adotar práticas circulares”, destaca.
A Fashion Revolution Brasil – organização que defende uma moda mais justa, tanto social quanto ambiental – também atua nesse movimento. O projeto é realizado por meio de ações de comunicação, educação, colaboração e mobilização. Em entrevista por escrito com a Ana Fernanda, coordenadora do Comitê Racial, e Marina Ribeiro, produtora de eventos, ambas da Fashion Revolution Brasil, comentam os desafios da implementação de modelos circulares na indústria da moda e alertaram para o uso incorreto desses conceitos por parte de algumas empresas.
“Algumas marcas têm investido em materiais mais sustentáveis, em transparência nas cadeias de produção e em iniciativas de economia circular, como programas de coleta. Mas ainda há um longo caminho pela frente. Em muitos casos, o que vemos ainda é greenwashing: ações superficiais que melhoram a imagem pública, mas não transformam a lógica de produção em larga escala”, afirmam.
Transparência e sustentabilidade
A transparência das empresas tem sido constantemente questionada, principalmente com o aumento de práticas como o greenwashing, onde produtos são anunciados como sustentáveis, mas não cumprem os critérios necessários. Isso tem gerado uma crescente cobrança dos consumidores por informações claras sobre a origem dos materiais e as condições de produção.
Diante desse cenário, a Semana Fashion Revolution 2025 conta com mais de 700 ações por todo o país e surge como uma campanha que tem o objetivo de impulsionar a conscientização sobre os impactos ambientais e sociais da moda. Ana Fernanda e Marina Ribeiro ressaltam a relevância desse movimento.
“Cada vez mais pessoas questionam a origem das roupas e buscam outras alternativas. A Semana Fashion Revolution é um exemplo: o mundo todo envolvido em criar uma moda mais justa. Mas, ainda precisamos lembrar que a mudança é sistêmica”, observam.
A busca por alternativas mais sustentáveis e circulares na moda tem ganhado força, com marcas, consumidores e organizações que exigem mudanças significativas no setor. Apesar dos avanços, ainda há um longo caminho até que a transformação seja completa. Nesse cenário, o upcycling surge como uma das práticas mais promissoras por reduzir desperdícios e minimizar os impactos ambientais. A CEO da Upcyqueen, destaca que o futuro da moda sustentável está relacionado a valores intrínsecos.
"O futuro do upcycling e da moda sustentável está intrinsecamente ligado à inovação, colaboração e educação. À medida que mais marcas adotam práticas circulares e os consumidores se tornam mais conscientes, espera-se uma indústria mais ética, inclusiva e ambientalmente responsável", conclui Juliene.

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